Audiência pública discute uso de agrotóxicos em Pedro Canário

Na última terça-feira, dia 1º de março, foi realizada uma audiência pública na Procuradoria do Trabalho no Município de São Mateus com o objetivo de debater acerca de políticas públicas voltadas ao uso seguro de agrotóxicos no Distrito de Taquara, localizado no município de Pedro Canário, norte do Espírito Santo.

Estiveram presentes na audiência representantes do Ministério Público Estadual (MPES), do Instituto de Defesa Agropecuária e Florestal do Espírito Santo (IDAF), do Centros de Referência em Saúde do Trabalhador (Cerest) Regional, do Sindicato dos Produtores Rurais de Pedro Canário e do Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper). O procurador do Trabalho Vitor Borges da Fonseca solicitou o comparecimento dos profissionais para obter informações acerca da veracidade dos fatos noticiados na imprensa sobre a situação no local, bem como buscar alternativas para prevenir e combater o uso indiscriminado dos produtos agrícolas na região.

Diante dos relatos e exposições constatados durante a reunião, o MPT, em conjunto com outros órgãos e entidades, determinou alguns planos de atuação, tais como: promover a capacitação dos profissionais referente ao diagnóstico e notificação das intoxicações por agrotóxico; estimular o envolvimento dos agentes comunitários de saúde no sentido de elaborar um diagnóstico da situação da saúde dos moradores; e firmar uma parceria com o município para organizar um trabalho educacional nas escolas.

Além disso, será realizado um curso de capacitação sobre a aplicação segura de agrotóxicos, direcionado aos aplicadores dos produtos agrícolas, assim como uma palestra objetivando o fornecimento de informações sobre o uso seguro de agrotóxicos e prevenção de doenças e acidentes. E para tornar o trabalho ainda mais eficiente, foi solicitado ao IDAF um relatório acerca do monitoramento de resíduos de agrotóxicos na região de Pedro Canário e São Mateus.

Dados e riscos

De acordo com o Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Defesa Agrícola (Sindag), desde 2008 o Brasil é considerado o maior consumidor de agrotóxico do mundo. Estima-se um consumo médio anual superior a cinco litros para cada brasileiro. No aspecto da saúde, segundo pesquisas, os ingredientes ativos presentes nos agrotóxicos podem provocar distúrbios neurológicos, respiratórios, cardíacos, pulmonares, nos sistemas imunológico e na produção de hormônios, esterilidade masculina, além de má formação do feto e desenvolvimento de câncer.

O uso indiscriminado desses produtos químicos também pode causar danos ao meio ambiente, como a degradação e a contaminação do solo e da água, em alguns casos de maneira irreversível. Dessa forma, os produtos são capazes de trazer riscos à saúde do trabalhador rural e dos consumidores em geral.

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